O oxigênio é a chave para encontrar civilizações extraterrestres avançadas, diz novo estudo
Uma equipe internacional de astrônomos propõe que é improvável que os extraterrestres sejam capazes de desenvolver tecnologias avançadas, a menos que estejam num planeta que possua algum nível deste componente chave para a sustentação da vida.
Na busca por compreender o potencial de vida fora da Terra, os investigadores estão a expandir os seus horizontes para abranger não apenas marcadores biológicos, mas também tecnológicos.
Embora os astrobiólogos já reconheçam há muito tempo a importância do oxigênio para a vida tal como a conhecemos, também poderá ser a chave para desbloquear tecnologia avançada à escala planetária.
Em um novo estudo publicado na Nature Astronomy, Adam Frank, professor de física e astronomia na Universidade de Rochester, e Amedeo Balbi, professor associado de astronomia e astrofísica na Universidade de Roma Tor Vergata, Itália, detalham as ligações entre o oxigênio atmosférico e o possível surgimento de tecnologia avançada em planetas distantes.
“Estamos prontos para encontrar sinais de vida em mundos alienígenas”,
disse Frank.
“Mas como é que as condições de um planeta nos dizem sobre as possibilidades de vida inteligente e tecnológica?”
“Em nosso artigo, exploramos se alguma composição atmosférica seria compatível com a presença de tecnologia avançada”,
acrescentou Balbi.
"Descobrimos que os requisitos atmosféricos podem ser bastante exigentes."
Acendendo tecnosferas cósmicas
Frank e Balbi propõem que, além da necessidade de respiração e metabolismo em organismos multicelulares, o oxigênio é crucial para o desenvolvimento do fogo, uma marca registrada de uma civilização tecnológica.
E investigam o conceito de “tecnosferas”, grandes áreas de tecnologia avançada que emitem sinais reveladores, chamados “tecnoassinaturas”, de inteligência extraterrestre.
Na Terra, o desenvolvimento da tecnologia exigiu acesso fácil à combustão ao ar livre o processo central do fogo, no qual algo queima combinando um combustível e um oxidante, geralmente oxigênio.
Imagem ilustrativa – Crédito: IA – A Chave dos Mistérios Ocultos. |
Seja para cozinhar, forjar metais para estruturas, fabricar materiais para habitação ou aproveitar energia através da combustão de vários elementos, este processo tem sido a força motriz das sociedades industriais.
Olhando para trás na história do nosso planeta, os investigadores descobriram que o uso controlado do fogo e os subsequentes avanços metalúrgicos só foram possíveis quando os níveis de oxigênio na atmosfera atingiram ou excederam 18%.
Isto significa que apenas planetas com concentrações significativas de oxigênio serão capazes de desenvolver tecnosferas avançadas e, assim, deixar assinaturas tecnológicas detectáveis.
O gargalo do oxigênio
Os níveis de oxigênio necessários para sustentar biologicamente a vida complexa e a inteligência não são tão elevados como os necessários para a tecnologia, por isso, de acordo com os astrofísicos, embora uma espécie possa emergir num mundo sem oxigênio, não será capaz de se tornar uma espécie tecnológica.
“Você poderia obter biologia, você poderia até obter criaturas inteligentes, em um mundo que não tem oxigênio”,
observou Frank.
"Mas sem uma fonte de fogo disponível, nunca se desenvolverá tecnologia mais avançada, porque tecnologia mais avançada requer combustível e fusão."
E aí vem o “gargalo de oxigênio”, um termo cunhado pelos autores para descrever o limiar crítico que separa os mundos capazes de promover civilizações tecnológicas daqueles que não o podem.
Ou seja, os níveis de oxigênio são um gargalo que impede o surgimento de tecnologia avançada.
“A presença de altos níveis de oxigênio na atmosfera é como um gargalo que é preciso atravessar para ter uma espécie tecnológica”,
disse Frank.
“Você pode fazer todo o resto funcionar, mas se não tiver oxigênio na atmosfera, não terá uma espécie tecnológica.”
Áreas de interesse extraterrestre
A pesquisa, que aborda um aspecto até então inexplorado na busca cósmica por vida inteligente, ressalta a necessidade de priorizar planetas com altos níveis de oxigênio na busca por assinaturas tecnológicas extraterrestres.
“Priorizar a busca em planetas com altos níveis de oxigênio deveria ser uma prioridade, uma vez que a presença ou ausência de altos níveis de oxigênio nas atmosferas dos exoplanetas poderia ser uma pista importante para encontrar possíveis tecnosassinaturas”,
argumentou Frank.
«As implicações da descoberta de vida inteligente e tecnológica noutro planeta seriam enormes. Portanto, precisamos ser extremamente cautelosos ao interpretar possíveis detecções.
Nosso estudo sugere que devemos ser céticos sobre possíveis assinaturas tecnológicas provenientes de um planeta com oxigênio atmosférico insuficiente”,
concluiu Balbi.
Este trabalho foi financiado em parte por uma bolsa da NASA.